Ao longo dos últimos anos, muitos animais selvagens foram resgatados de situações de perigo, negligência ou tráfico ilegal.
Cada um tem uma história única — e todos passaram pelos cuidados da Angofauna em busca de uma segunda oportunidade.
Nesta página, partilhamos os seus percursos: de onde vieram, como chegaram até nós, o apoio que receberam e os destinos que hoje chamam de casa.
Estes animais representam apenas uma fracção dos desafios enfrentados pela vida selvagem em Angola. Por trás de cada resgate, há equipas dedicadas, voluntários empenhados e apoiantes generosos que tornam possível a reabilitação e, sempre que viável, a devolução à natureza ou o encaminhamento para sanctuários apropriados.
Ao conhecer as histórias destes animais, esperamos inspirar mais pessoas a protegerem a nossa fauna, a denunciarem situações de maus-tratos e a envolverem-se activamente na causa da conservação.
Cada história contada é também um convite para fazer parte desta missão.
O George foi resgatado numa acção contra o tráfico ilegal de fauna em Luanda, em Fevereiro de 2017, ainda bebé, tinha apenas entre seis a oito meses de idade e encontrava-se em condições críticas: extremamente magro, desidratado e com sinais de desnutrição grave.
Era mantido de forma clandestina, separado da sua mãe, como frequentemente acontece com primatas traficados.
Dada a sua idade e fragilidade, o George exigiu atenção constante. Foi acolhido pela Angofauna e recebeu cuidados dedicados 24 horas por dia, com cuidadoras que assumiram uma figura materna, fundamental para o seu bem-estar emocional e desenvolvimento.
Durante vários meses, beneficiou de uma alimentação especializada, tratamento veterinário, sessões de estímulo sensorial e enriquecimento ambiental que o ajudaram a recuperar o comportamento natural da espécie.
Em Outubro de 2017, o George foi transferido para o renomado sanctuário de chimpanzés Tchimpounga, na República do Congo, onde foi integrado com sucesso num grupo de outros jovens órfãos, com os quais formou uma nova família.
Hoje, George vive num ambiente seguro e naturalizado, onde contribui activamente para o equilíbrio e bem-estar do grupo — um verdadeiro exemplo de superação e de segunda oportunidade.
A Leila foi encontrada acorrentada a uma árvore no Huambo, sob condições de cativeiro extremamente precárias. Estava magra, com alopécias generalizadas (perda de pêlo) e apresentava sinais claros de sofrimento físico e psicológico.
O seu resgate foi possível graças à denúncia de um jornalista estrangeiro, sensibilizado com a situação e que, em Março de 2017, a entregou à Angofauna para cuidados urgentes.
Na associação, a Leila recebeu acompanhamento veterinário contínuo, alimentação adequada e um ambiente enriquecido para estimular a sua recuperação física e emocional.
Apesar do passado traumático, revelou-se uma chimpanzé resiliente, curiosa e com forte necessidade de socialização com outros da sua espécie — algo fundamental para seu bem-estar.
Em Janeiro de 2018, a Leila foi transferida para o Sanctuário Chimfunshi, na Zâmbia, juntamente com outra chimpanzé resgatada, a Grace. Ambas passaram por um período de quarentena obrigatório antes de serem integradas num novo grupo social composto por seis machos e duas fêmeas.
Hoje, a Leila vive num espaço seguro e natural, onde finalmente pode exibir os comportamentos típicos da sua espécie — livre de correntes e com uma nova família.
A Grace foi resgatada em Junho de 2017 em Luanda, vítima do tráfico ilegal de fauna selvagem.
Tinha cerca de 3 anos de idade e apresentava sinais evidentes de trauma e medo, resultado do isolamento precoce da mãe e do ambiente hostil em que foi mantida.
Como muitos chimpanzés órfãos por tráfico, sofria de stress psicológico e físico.
A chegada à Angofauna marcou o início de um processo de reabilitação cuidadoso. Recebeu acompanhamento veterinário, alimentação equilibrada e estímulos comportamentais para recuperar a confiança e o bem-estar.
Aos poucos, começou a mostrar sinais de recuperação emocional e comportamentos naturais da espécie, fundamentais para a sua reintegração social futura.
Em Janeiro de 2018, a Grace foi transferida para o Sanctuário Chimfunshi, na Zâmbia, juntamente com a chimpanzé Leila.
Após o período de quarentena, foi integrada num grupo com outros chimpanzés, onde encontrou a estabilidade emocional e social de que tanto precisava.
Hoje, Grace vive num ambiente natural e seguro, rodeada de outros indivíduos da sua espécie, com os quais forma vínculos sociais fortes — essenciais para uma vida digna e equilibrada.
O Junior foi entregue à Angofauna em Janeiro de 2018 pelos seus anteriores detentores, que o mantinham em Luanda.
Diferente de muitos casos, Junior chegou em boa condição corporal, sinal de que, embora mantido em cativeiro, havia recebido cuidados mínimos.
No entanto, como qualquer chimpanzé fora do seu habitat natural e privado de contacto com outros da sua espécie, apresentava carências sociais importantes.
Na associação, o Junior foi integrado com o chimpanzé Xico, partilhando a mesma instalação. Esta convivência permitiu que ambos desenvolvessem interacções sociais essenciais à sua espécie, contribuindo para o equilíbrio emocional de cada um.
Durante o tempo que passou connosco, Junior teve acesso a alimentação adequada, enriquecimento ambiental e acompanhamento veterinário regular, garantindo o seu bem-estar.
Em Agosto de 2022, após quatro anos sob os cuidados da Angofauna, Junior foi transferido para o Sanctuário Tchimpounga, na República do Congo — um dos maiores centros de reabilitação de chimpanzés em África.
Viajou juntamente com o seu companheiro de instalação, Xico, bem como outros dois chimpanzés: Manuela e César.
Actualmente, vive num ambiente seguro e naturalizado, onde pode expressar livremente os comportamentos típicos da sua espécie, rodeado por outros chimpanzés e com uma nova oportunidade de vida.
O Xico foi encontrado numa situação insólita e preocupante: foi largado por um carro, embriagado, na região da Barra do Kwanza, em Outubro de 2020.
Embora estivesse em boa condição corporal, a forma como foi descartado evidencia o desrespeito e abuso frequentemente sofridos por primatas mantidos ilegalmente em cativeiro.
O seu caso foi rapidamente sinalizado e resgatado pelos gerentes do Resort Kwanza Lodge e entregue à Angofauna, onde recebeu os primeiros cuidados.
Na associação, o Xico foi inicialmente colocado numa instalação próxima da de Junior, outro chimpanzé resgatado. Mais tarde, ambos foram juntados na mesma instalação, onde desenvolveram uma relação positiva.
O contacto social foi fundamental para a recuperação emocional de Xico, ajudando-o a readquirir comportamentos naturais da espécie.
Durante a sua permanência, recebeu alimentação adequada, cuidados veterinários regulares e estímulos de enriquecimento ambiental.
Em Agosto de 2022, o Xico foi transferido para o Sanctuário Tchimpounga, na República do Congo, juntamente com Junior, Manuela e César.
Cumpriu o período de quarentena ao lado de Junior, o que facilitou a sua adaptação ao novo ambiente.
Actualmente, vive num espaço seguro, naturalizado e socialmente enriquecido, integrado com outros chimpanzés — um verdadeiro recomeço com dignidade e bem-estar.
A Manuela foi encontrada em condições profundamente degradantes: acorrentada num parque infantil em Viana, sem qualquer protecção contra o sol ou a chuva.
Era utilizada como forma de entretenimento para crianças e adolescentes, que interagiam com ela sem qualquer supervisão nem respeito pelo seu bem-estar.
Apresentava alopécia generalizada (perda de pêlos), causada por stress crónico e má nutrição. Em Novembro de 2021, foi finalmente resgatada e entregue à Angofauna.
Na associação, a Manuela recebeu os cuidados que nunca tivera: acompanhamento veterinário, alimentação equilibrada, abrigo adequado e tempo para descansar e recuperar a sua dignidade.
Foram criadas rotinas de enriquecimento ambiental e estímulo comportamental para ajudá-la a readquirir os comportamentos naturais da sua espécie.
Apesar do passado traumático, demonstrou uma vontade forte de se adaptar e socializar.
Em Agosto de 2022, a Manuela foi transferida para o Sanctuário Tchimpounga, na República do Congo, juntamente com Xico, Junior e César.
No novo ambiente, teve a oportunidade de viver em liberdade controlada, interagir com outros chimpanzés e recuperar o seu comportamento natural em grupo.
Hoje, encontra-se bem integrada num espaço seguro e socialmente saudável, onde pode viver com dignidade, longe das correntes e do abuso.
O César foi resgatado em Janeiro de 2022, vítima do tráfico ilegal de fauna em Luanda e entregue à Angofauna, onde recebeu resposta imediata por parte da equipa técnica e veterinária.
Ainda muito jovem, encontrava-se em estado crítico, com extrema magreza, desidratação severa e alopécias generalizadas, resultado do stress, má alimentação e privação de cuidados maternos.
Devido à sua tenra idade e vulnerabilidade,o César necessitou de cuidadoras 24 horas por dia, que assumiram o papel de substituição materna — essencial para o desenvolvimento físico e emocional saudável de um chimpanzé bebé.
Recebeu uma alimentação especializada, cuidados médicos constantes e estímulos comportamentais adaptados à sua fase de crescimento.
Aos poucos, foi ganhando peso, energia e confiança.
Em Agosto de 2022, César foi transferido para o Sanctuário Tchimpounga, na República do Congo, juntamente com Manuela, Xico e Junior.
Lá, foi acolhido num ambiente seguro e naturalizado, onde pôde iniciar a integração social com outros chimpanzés jovens, formando novas ligações e recuperando comportamentos naturais da espécie.
A sua história é uma poderosa mensagem de esperança e da importância da intervenção precoce.
O Gin foi encontrado dentro de uma caixa, num condomínio residencial em Luanda, com uma grave lesão no olho direito, em Agosto de 2023.
O resgate foi realizado por um voluntário da ORAA (Organização de Resgate de Animais de Angola), nossa parceira, que prontamente o entregou à Angofauna.
O estado do seu olho era irreversível, e apesar dos cuidados médicos imediatos, não foi possível recuperar a visão.
Durante a sua estadia na Angofauna, Gin recebeu tratamento veterinário, alimentação adequada e um espaço seguro para se readaptar.
Apesar da limitação visual, demonstrou um comportamento selvagem preservado e capacidade de adaptação ao ambiente.
Com o tempo, revelou-se um animal activo, curioso e com instintos de caça intactos.
Após a recuperação, a equipa decidiu realizar um soft release — um processo de reintrodução gradual ao habitat natural, num local seguro e controlado, em Fevereiro de 2024.
Durante as primeiras semanas, foi disponibilizada alimentação para facilitar a transição, até que Gin deixou de aparecer, sinal claro de que tinha aprendido a caçar por conta própria.
Ainda é avistado ocasionalmente nas redondezas, livre e em boas condições, representando um caso de sucesso na reabilitação e reintegração da fauna selvagem.
Este peneireiro-cinzento foi entregue à Angofauna por uma empresa, em Outubro de 2023, após ter sido encontrado sem conseguir voar, devido ao corte intencional das penas da cauda.
Esta mutilação impediu-o de manter o vôo, comprometendo a sua sobrevivência.
A situação exigia cuidados imediatos, e o animal foi acolhido pela equipa da Angofauna.
Durante a recuperação, o peneireiro foi mantido num espaço seguro até que as penas da cauda voltassem a crescer naturalmente.
Recebeu alimentação adequada, rica em proteínas, e passou por sessões de enriquecimento ambiental para manter e estimular os seus comportamentos naturais — como o vôo, a caça e a vigilância.
Assim, garantiu-se que não perdesse as aptidões essenciais da espécie.
Com a plumagem recuperada, foi transferido para uma jaula de voo, onde pôde fortalecer os músculos e readquirir resistência.
Seguiu-se um processo de soft release, permitindo que se adaptasse gradualmente à liberdade total.
Após ganhar autonomia, foi definitivamente libertado, marcando o sucesso de uma reabilitação feita com respeito e foco no bem-estar animal.
Este jovem peneireiro-comum foi encontrado num quintal, sem conseguir voar.
Alertados pela proprietários da casa, deslocámo-nos de imediato ao local e resgatámo-lo com todo o cuidado.
Após avaliação inicial, verificou-se que o animal estava em estado de magreza severa e exaustão física, sem lesões externas aparentes.
Recebeu tratamento médico, alimentação especializada e repouso em ambiente calmo e controlado.
Rapidamente demonstrou sinais de melhoria e reagiu bem aos cuidados da nossa equipa.
A fase seguinte da recuperação incluiu a avaliação progressiva da capacidade de vôo, com sessões em espaços adaptados e estímulos naturais.
Assim que recuperou força e mostrou vôo funcional, o peneireiro foi libertado num local protegido e controlado, onde pôde retomar a sua vida selvagem em segurança.
A sua libertação foi um marco de sucesso no trabalho de reabilitação da Angofauna.
Isabella, uma jovem leoa com aproximadamente 8 meses de idade, foi resgatada de um estaleiro na Via Expresso, em Luanda, onde se encontrava confinada numa instalação inadequada e de origem desconhecida.
O alerta chegou à Angofauna através de denúncias, e a equipa mobilizou-se rapidamente para o local.
Foi necessário proceder à sedação segura do animal para garantir um transporte sem riscos.
Uma vez nas nossas instalações, Isabella recebeu cuidados veterinários imediatos, alimentação especializada e enriquecimento ambiental para estimular comportamentos naturais, fundamentais ao seu bem-estar.
Devido ao seu tamanho e necessidades específicas, sabíamos desde o início que as instalações da Angofauna seriam apenas temporárias.
Em Abril de 2025, após articulação com parceiros, foram finalmente reunidas as condições para o seu encaminhamento para uma fazenda em Benguela, que construiu uma instalação adequada à espécie e ao seu porte, e onde poderá contactar com outra fêmea da sua espécie e criar laços próprias e essenciais nesta espécie.
Estes animais sobreviveram porque alguém decidiu intervir. Mas o tráfico, os maus-tratos e o abandono continuam — todos os dias.
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